domingo, 24 de dezembro de 2017

Do duro sistema

Tinha um corpo esquálido. Seus braços morenos, tão finos quanto dois ossinhos, apoiavam-se numa espécie de retângulo metálico (chamarei assim, pois não sei o nome), enquanto os estreitos dedos seguravam na barra amarela à sua direita.
Por trás daquela gigante camisa, que praticamente engolia a garota, era fácil perceber dois vultuosos ossos, as escápulas. Mas usava um pequeno short jeans por baixo daquela miscelânea de vermelho, verde e amarelo. As cores que, juntas e listradas, como estavam, representa o regae.
Fiquei por uma parcela de tempo, o quanto me foi possível, isto é, enquanto estive em sua presença, a fitar incessante a tal menina. Ao passo que ela, aérea, talvez, não sei ao certo, observava a paisagem de fora do vidro da porta.
-Até que ponto é bela a magreza? _pensei. 
Pensei porque isto só me veio à mente.Eu geralmente não escolho o que pensar em momentos não programados para isso.
Pensei pois tantos de nós passamos muito a nos ocuparmos com uns dos números que nos definem, que esquecemos que nem sempre eles são sinônimo do que consideramos belo.
Estava diante de uma feia magreza. A magreza da fome,da necessidade, da apatia alheia, da falta de escolha, de oportunidades, talvez, de família.
Estava diante do menos saudável tipo dela, isto é, da magreza. 

Ahhh(suspiro)... eu olhava insaciável, na esperança de ter seu semblante voltado a mim, a fim de que eu pudesse ao menos captar o superficial dele e transformar em algumas humildes palavras. Mas não me foi lançada sequer a possibilidade de uma virada de perfil. Quem dirá algo mais.
-Sería mesmo necessário?
Prossegui distraída com sua presença. A fina menina desprotegida, desalentada, receptora de olhares de desprezo ou da falta deles. Habituada.
Mas alguém a notou além de mim, pouco depois.
Um rapaz se pôs atrás dela. Muito próximo, por sinal. De frente a seu dorso e se pôs a olhar sua bunda.

-Sai daí menina, sai daí._Eu tentava me comunicar mentalmente.

Mas ela prosseguia indiferente ao próprio ambiente, tal como o ambiente parece ser indiferente a ela.
Não notava ou não mais percebia os riscos desta falsa segurança que os anos de rua lhe haviam proporcionado. Parecia sentir-se incólume ou fraca demais para continuar lutando contra o que chamamos de sistema.
Por sorte estava eu lá, de resguarda, pronta para me dirigir àqueles maus olhos que espreitavam o ambiente, em busca da oportunidade. 
Mas ele nada fez. Desceu pouco depois, junto a mim e outras dezenas.
A garota permaneceu lá. Segurando-se no apoio, enquanto, a sua volta,tantos ingressavam e egressavam, rumo a seus lares às 17 horas e pouco da tarde.

-Você,para onde vai? Você vai? Para onde?  Sabe?

Ela, talvez mudasse um pouquinho seu semblante para frustração.
Que tristeza! _É de se pensar.
Ao menos eu assim penso. Pois estava, ao contrário dela, magra por opção, desgrenhada por mania, com largas roupas por conforto. E ía encontrar minha família no shopping, para retirar o amigo secreto e comemorar num restaurante fast-food famoso, e cujo hamburguer comi pela primeira vez e odiei. Ela não tinha sequer a chance de gostar.

É tão pouco e tão normal quando se habitua a esta rotina. Tão quanto ela provavelmente perambulava tranquilamente pelas ruas às nove da noite, enquanto eu atravesso a ponte próxima a meu condomínio rezando, quando está escuro e vazio.
A gente se acostuma tão facilmente que vamos sendo levados pelo automático irrefletido.
Nós escarnecemos de tanto que temos e esquecemos dos que não tem.
Substituímos o pensar acerca e a empatia pelo: "Que bom que a polícia está aí. Pelo menos esse vagabundo vai preso"._ foi o que ouvi, minutos depois de uma garota, de 8 ou 9 anos, num segundo coletivo.
Era um garoto, adolescente, pego por cidadãos e, em seguida, pela polícia, depois de roubar algo e tentar fugir.
Olhei o semblante deste quando meu ônibus passou perto.
Havia muitas pessoas ao redor. Algumas sorriam e comemoravam, ao passo que o menino tinha seus pulsos algemados e era levado, junto à triste expressão, à viatura.
Não me senti bem, como muitos pareciam ter ficado.
Eu não estava feliz ou aliviada ou tomada pelo prazer em vi-lo pagar.
Não senti, juntamente, dó. Porém, pesar. (não sei ao certo se são ou não sinônimos)

Pesar porque ele, assim como a tal garota, eram da parte abjeta da população. E, possivelmente, posição sem chance de transferência.
Fadados a serem frustrados, ignorados, mal olhados e a receberem sorrisos somente quando estando em pior situação. Pois má, vivem constantemente.
Ao contrário deles, a tal garotinha de 8 ou 9 e seu comentário, possivelmente reproduzido por osmose, estava acompanhada da genitora e uma outra moça. 
Por mais leiga que fosse, a genitora, é sua família, e como tal, responsável por transmitir-lhe digna educação, quanto a valores.

Estava também, em mesma situação, um menino de 9 ou 10, que vi nesta mesma semana com sua mãe no ônibus.
Ele, ao terminar de beber sua água, questionou o que deveria fazer com a garrafa.
-Jogue aí mesmo guri. Depois eles pegam e jogam no lixo. Quem manda não ter lixeiro.



-Que crianças estamos (mal)educando?_pensei.



Diferentemente das duas primeiras, estas outras estavam acompanhadas da genitora, e pareciam ter condições de viver incontestavelmente superiores, ao menos para o básico, para sobreviver.

Estas tinham, em teoria, opção, diferentemente das primeiras. E sorte por haver uma chance um pouco maior de mudança na casta social. Mas isso ocorrerá mesmo ou perderão o potencial pelo mau aproveitamento da oportunidade?
Talvez eu nunca saiba, delas ou das outras. Provavelmente o sistema prossiga com elas do mesmo modo que tem sido. E é triste assim pensar, mas o que posso fazer?
Sou eu bem pouco. Tão pouco quanto elas. Impossibilitada de, sozinha, reverter esta ordem fechada.
O que cabe a mim, acredito, é apenas agradecer pela sorte que tenho, pela família e pelas oportunidades. Já que não escolhemos. Só somos lançados nesse mar, com algumas pré-determinações duras de serem quebradas.
-Estude!_Minha mãe sempre me disse._Estude_É o que me aconselho, pois recebo este valor desde cedo._Estude. Pois há tantos que sequer têm a chance de estudar. Há meninos que não receberam ao menos a instrução, e outros com pais que acham a maior afronta ouvir da criança que ela quer estudar, e não pedir esmolas e prosseguir nesta "vida".

-Agradeça!

Como fui favorecida por receber bons conselhos que, gradativamente moldam minha história, meu percurso e meu destino. _Dê valor_Faço das palavras que recebo de minha mamãe, mantras, depois desta reflexão.
Pense: Quantos gostariam de estar aqui? Se não pode fazer algo para ajudar, ao menos agradece.

Ps: Aproveitando o espaço para agradecer à minha mamãe pelo livro que eu tanto queria <3
Ps²: Feliz natal!



sábado, 21 de outubro de 2017

Festas? não, obrigada.

Eei, tudo bom?
Estava eu aqui neste belo sábado e decidi me aventurar. Arriscar-me em mais uma festa.
Sim, depois daquela trágica a qual fiz um post há sei lá quanto tempo.
Brincadeira. Na verdade eu não tinha muita escolha e seria uma imensurável desfeita não comparecer  ao primeiro casamento de um dos meus primos.
Mas, sabe, realmente esta vida (de festas) não é para mim e tenho, agora, plena convicção.
Senti-me não mais estranha, antes fosse, senti-me acuada, deslocada, um peixe fora d'agua.
Eu, que esperei ansiosamente para usar o lindo vestido azul marinho com um tamanco vermelho (julguem-me porque falo TAMANCO) e um brinco gigantesco que fazia eu me sentir uma drag (minha mãe me obrigou cada detalhe), dou graças por ter acabado.
Foi mal, esta não sou eu, mas se quer saber, não faz mal.  Acho que as experiências são úteis para que nos conheçamos melhor e paremos de nos submeter àquilo que não nos apetece. ao menos quando é possível.

Leitor, quero que saiba que me sinto um pouco melhor agora por estar aqui compartilhando um pouquinho disto com vocês. Sinto-me aconchegada como se eu estivesse a conversar com alguém que me compreende e me acolhe, alguém que é igualzinho a mim. E por isto não pude deixar de escrever algumas palavras e me despir daquilo que estava me pesando os olhos, fazendo-me chorar a pouco, e trazendo uma enorme dor de cabeça a quem não bebeu sequer um gole de álcool porque não se satisfaz em tal ato.
Senti-me mal por Ns motivos trazidos pelo estopim festa,e, então me pergunto: Quem pode te dizer o que é aproveitar a vida?
Pois para muitos isto (festa) tem papel essencial neste processo, mas a mim é, depois de estar exposta ao sol, meu pior pesadelo. 
Desculpe.Eu só precisava falar.
Eu, que já me questionei tanto porque sou assim e sim, tentei dar chances, vejo que isto não sou eu, que isto não me faz bem, pelo contrário.
Gosto de crocs não de tamanco
Gosto de brincos pequenos ou nenhum e não aquele lustre em minhas orelhas
Odeio maquiagem porque eu cuido demasiadamente de minha pele para não precisar ficar dependente disso
Minhas unhas não pintei, não fiz, não deixei grandes (ao menos isto não fui forçada)
O vestido é de fato lindo, fui eu, inclusive, quem escolheu. Usarei de novo outras muitas vezes, espero..Mas nada se compara ao meu moletom e minha calça também moletom
Os cabelos soltos impecáveis são uma graça, mas gosto de bagunçar a meu modo, passar as mãos 500 vezes e sentir que ainda não estão bons e simplesmente me irritar e fazer um coque
Álcool não passa em minha boca. O gosto não me agrada, estraga minha pele, minha saúde e meus órgãos (se tudo der certo quero doá-los, então, tenho também que conservá-los)
Mal os doces, pelos quais me privei toda a semana de porcarias, só comi três e me senti superlotada e enjoada
O coquetel sem álcool estava mel para mim, definitivamente desacostumei. Tinha refrigerante e eu não gosto de refrigerante, tinha açúcar e galera, não me levem a mal, mas eu tomo suco de limão sem açúcar, então aquilo não me desceu. Dei uma segunda chance, realmente não deu.
Minhas pernas doem, minha cabeça, meu corpo, minha mente..Cara..isto é o que chamam diversão?
A lembrança recorrente que tenho é das pessoas dançando ao meu redor e eu dura, sem conseguir me mover, constrangida, sem molejo, nada...não dá. Fui para o canto, perdi minhas companhias para o álcool, a música, a diversão que eu não conseguia e ainda não consigo enxergar. Como pode haver uma dicotomia tão grande em pessoas tão próximas?
Minha segunda distração da noite, um fotógrafo muito lindo, a esta altura tinha partido, para minha tristeza. E eu, por sorte, consegui fazer o mesmo antes de dar vexame sem precisar abrir a boca.

Agora?? Agora acho que consigo dormir depois de expelir estas palavras.
Sabe, sempre fui do tipo que faz vergonha à mãe e a quem me escolheu para seu amiga, porque infelizmente, não tenho maturidade para guardar o que sinto e fingir que estou ok quando não é verdade. Preciso de algum modo pôr para fora meu sentimento e me dói os ossos quando preciso ser forçada.
Isto ocorria quando eu era obrigada a viajar para o interior quando criança e continua hoje, quando tenho de ir numa fantasia para um ambiente que não me apetece.

Bem..se minha tia estiver lendo isto agora, provavelmente me achará rude kkk. Ela sempre diz que sou dura com as palavras, mas é que elas ajudam-me a externar de forma mais verossímil aquilo que sinto. E me tiram uma carga que não podería suportar no silêncio. Mas, digo-te que elas são incríveis não apenas por serem minhas melhores amigas. Mas porque do mesmo modo que podem ser pesadas, elas conseguem com maestria ser as mais doces também. Tudo depende, e o problema não está com elas, aliás, são só palavras que expressam aquilo que eu sinto. O problema talvez esteja em nossa mania de desejar que tudo esteja sempre bem e bonito, quando na verdade, sabemos que a vida não é um mar de flores.

PS: As pessoas têm uma visão tão romantizada de festas, como sendo a coisa mais incrível, mas se quer saber, depois do elevador, é o lugar mais coercitivo em que já estive.
PS2: Erros, já sabem..relevem, pois é o sono.

#UmaHeliofóbica

quinta-feira, 5 de outubro de 2017

O que eu posso fazer?

Oi, de novo!

Dois posts por ano dá para suportar, mas talvez dois no mesmo dia seja um excesso, principalmente em se tratando de mim kkk. (vocês superam).
Bem..esta não é uma forma de compensar as bobagens que postei anteriormente, até porque não sei se daqui sairá uma bobagem parte 2. É só que eu estava lendo umas coisas antigas que publiquei e meio a outras tantas besteiras que postei, deparei-me com coisas bem legais que me remeteram a momentos e que agora reverteram-se na tão clamada motivação.

Ei, o que eu posso fazer se descobri que não tenho controle sequer sobre coisas que dizem que tenho?
Ei, tenho uma prova amanhã e não me sinto segura. Não, não. Eu estudei, mas não é uma professora, mas "A professora". E o que posso fazer quanto a isso?
Ei, dizem para eu sorrir mais e falam que estou divertida quando acabo me permitindo estar e brincar com as pessoas. Mas o que eu posso fazer se eu não sou sempre assim? E se isso, assim como a garota legal e divertida, fazem parte de meu eu, o que posso fazer?
Ei, deixe eu lhe contar, é tudo mentira quando falaram a ti que é simples tomar decisões ou quaisquer coisas do tipo.
Ou será que é só comigo, que sempre tive dificuldade em levar as teorias para a prática?
Eu pensei em algo diferente, mas estava comum. O que eu podia fazer? postar o texto que tinha feito, desistir ou mudar? mudei. Mas nem sempre as escolhas são assim tão singelas kkk
Estava lendo uns posts antigos e sentindo vergonha de meu eu do passado (não vergonha alheia. Pois um amigo me disse que é errado falar assim) porque postava bobagens e cometia bastantes erros gramaticais. Mas quem sabe ainda os cometo e "ai ai" fossem esses nossos únicos erros na vida
E o que podemos fazer se errar faz parte do processo e nos ajuda a crescer?!
O que podemos fazer senão aprender, já que não podemos, quem sabe, mudar e escolher a porta de opção 2 ou 3 como nos desenhos?
Estava pensando sobre este período na faculdade e sobre como estava tudo tão alinhado, mas aos poucos foi se desestabilizando e como eu gostaría que ele tivesse sido bem mais produtivo.
Mas o que posso fazer se amanhã é o último dia? O que posso fazer que não me programar e tentar outra vez ser mais eficiente? Esta é uma questão até fácil de se lidar não fossem os reveses da vida.
E o que podemos fazer se não podemos mudar ou voltar ou fazer por não ter feito?
Nada. Pois nem tudo está a nosso alcance, por exemplo o que já passou. Mas temos, sim, não por completo, mas certo espaço para começar again and again sempre que acharmos necessário.
O que podemos fazer? Pensa menos garota, e faz mais_Momento meu outro eu me aconselhando.
Se fez pouco este período só analisa o que precisa melhorar e se planeja..Você consegue! _Quem nunca falou consigo mesmo? O que eu posso fazer se é involuntário?
Fale consigo. É bom kkk
Talvez seja frustrante pensar sobre não termos controle sobre muitas coisas, mas talvez pensar assim seja uma escolha nossa. O que podemos fazer? Faça. O que puder e achar que deve. Ao menos assim seu arrependimento não será por não ter feito, e isto não lhe garante algo bom (o fazer), mas ao menos saberá que fez algo.

PS: Alguns comentários em moderação não foram respondidos, porque o blogger não sinalizou. Mas tratarei de resolver isto agora!

Um post sem sentido! Prometo que isto não será recorrente kkk

Olá pessoas
Bem.. Tenho estado mais omissa do que gostaria, mas a verdade é que não me tem vindo muita inspiração e ando me ocupando bastante com algumas coisas da faculdade que, por sinal, não tem me rendido frutos tão doces quanto eu gostaría. Porém, prefiro pensar que tudo é questão de tempo e que aprendizagem faz parte deste tempo. Que varia de indivíduo para indivíduo.
Enfim, esta postagem é reflexo de minha total falta de motivação para escrever um conteúdo razoável, mas, ao mesmo tempo significado de que não estou totalmente alheia ao meu blog. Apesar de parecer.
O tema é sobre a descrição de uma praça e do grupo que está nela, para um trabalho de antropologia que entrego amanhã. Fiz com um amigo, mas esta parte fui eu quem escrevi, por isto estou postando. 
Apesar de não saber se está de fato boa ( meu amigo fará alterações lá no nosso trabalho, se necessário) ou se é realmente isto uma etnografia kkkk, ao menos tentei e é o que vale. Acho que minimamente valeu a experiência e algumas palavras legais. 
É meio longo, mas espero que tenham paciência e gostem. 
Com amor, uma escritora não tão omissa assim <3



Uma praça é um local feito não somente para ornar um bairro, mas também para promover a interação entre as pessoas, possibilitando a elas um momento de lazer. Mas, atualmente, com toda a onda de violência e insegurança nas cidades, principalmente, o número de pessoas que frequentam este tipo de ambiente tem se tornado progressivamente mais escasso, ao ponto de uma praça ser tida como um local onde só é comum se frequentar em interiores.
O ambiente transmite calmaria e lembra bastante o clima interiorano. Aqui, a impressão que se tem é que não há pressa, não há vida lá fora ou quaisquer coisas com que se preocupar. No rádio de um senhor que estava sentado apreciando as pessoas passarem perto dele naquele meio de tarde fresco, tocava uma música que em muito nos faz lembrar de nossas avós a cantar. “Você é meu céu, você é minha vida”. Era o que dizia a letra da música “Meu cofrinho de amor” de Elino Julião. Desta forma fomos recebidos e percebemos, então, que estavamos no local certo.
Num local onde a pacificidade e a tranquilidade parecem imperar, a única figura que destoa do lema da praça é a de um carteiro que, apressado e dono de semblante duro e rijo, caminha rumo a mais um endereço. Ao nosso redor, as árvores nos dão a resposta do porque somente naquele momento, depois de uma busca implacável por um ambiente para explorar, tudo pareceu ganhar frescor e sombra. O lugar é agradável de se estar e parece que não foram somente nós que percebemos isto. As pessoas ali são predominantemente idosas e parcem não serem compostas de outra coisa senão da mais pura e singela felicidade.
Um pouco mais distante de nós, um grupo contendo cerca de 20 senhores jogando baralho e dominó. Negros e brancos, gordos e magros, de pé ou sentados, eles jogam sem muito barulho, apenas algumas palavras e frases curtas são lançadas. O foco parece ser a partida. Alguns fumam, os outros não dão sinal algum de incômodo com o cheiro. Aparentam ter idades muito próximas e se vestem de forma similar: bonés ou boinas, camisas: de time, escola ou regatas; bermudas jeans e chinelas.
Na mesinha e bancos fixos em que estão, cartas de baralho; dominós; dados; uma caixa com fichas e um burburinho. Eis que um deles se exalta e outros também o fazem. Alguém trapaceou e isto não passaria despercebido. Alguns deles elevam a voz na tentativa de serem ouvidos meio a todo o falatório e, então, tudo se acalma outra vez. Eles parecem ter sanado o problema e punido o trapaceiro. Agora riem e continuam a jogar como se nada tivesse ocorrido.
Por perto, um outro senhor passeia com seu poodle, uma moça volta da academia e algumas crianças brincam em amarelinhas desenhadas no chão e em outros brinquedos que, inclusive, num deles, marcas de xixi são percebidas por olhos atentos.
Um dos senhores que joga baralho com seu grupo decide dar uma pausa. O motivo é que ele está apertado e precisa urinar. Sem pudor algum, levanta e vai até a árvore mais próxima. À luz do dia, publicamente, alivia-se ali mesmo e volta à partida, sentando-se em um banquinho que parece ter sido ele próprio quem trouxe de casa . O mais inusitado é que logo ao lado há uma creche e naquele mesmo momento algumas crianças são liberadas. Ninguém parece se afetar.
Enquanto um carro de som passa em frente a um palco com pichações, anunciando que haverá um culto na capela S. Francisco de Assis naquela noite, a mãe de uma das crianças segura suas pequenas mãos e vai em direção a um senhor que vende cocos a 1 real a unidade. Valor que, em bairros nobres, orla ou praia não pagaria nem metade.  Mais a frente, uma moça com uniforme laranja da empresa  BTS varre o chão. E um rapaz da mesma empresa, um pouco mais distante, faz o mesmo serviço. Há muitas sacolas pretas com folhas secas amareladas recolhidas na ponta da calçada e seu serviço parece estar surtindo efeito.
Lá, contudo, outros grupos, além dos idosos, estavam presentes. Na quadra poliesportiva, de basquete e futsal, muitos jovens suados deixavam a bola escapar da quadra, fazendo-nos interagir com eles. Dos 10 bares espalhados, apenas dois estavam abertos e não contavam com pouco mais que dois clientes cada. Um dos bares toca uma música cuja letra fala sobre a partida de alguém amado “...mas você chegou para mim e disse adeus...”, enquanto o segundo, com a televisão ligada, exibe uma novela mexicana.
As barras de ginástica, outrora vazias, foram ocupadas por dois rapazes. Na rua, outros dois poodles passeiam com seus donos. Em dois dos muitos bancos coloridos dispersos, há casais tendo relações demasiadamente afetivas sem se importarem com quem está ao redor.
Agora o sol está mais suave, o relógio indica 16:08. As folhas que ainda não foram postas naqueles sacos de lixo pretos adornam o chão embelezando o local, dando-lhe aparência de outono. Árvores de jamelão, coqueiros, dentre outras espécies, agora, dançam com o vento, enquanto os pássaros bem-te-vis responsabilizam-se pela melodia.
E não cessa o vai e vem de pessoas por ali. Agora não só crianças pequenas brincam no parquinho, mas também outras, um pouco mais velhas, percorrem a extensa praça com suas ávidas bicicletas. Enquanto um grupo de jovens, sentados, conversam entre si, deixando as suas recostadas próximas a eles.
Perto de uma das árvores, algumas seringas, mas nenhum hospital por perto. O que sugere que há pessoas que fazem uso de drogas durante o período da noite. Mesmo com uma caixa para coleta seletiva próxima, há, além disso, embalagens plásticas no entorno, o que posterga o fim do serviço dos dois trabalhadores que varrem o local.
Mas além deles, na outra ponta da praça, estão vendedores ambulantes com suas barracas de: frutas, pastéis, caldo de cana, queijos, etc. Um morador de rua, bem próximo deste mini comércio de comidas que é esta parte da praça está acompanhado por muitas coisas as quais muitos chamariam de entulho, e que nada mais é que sua moradia. Ele é bastante idoso, tem um semblante sério e traz consigo um quadro com uma pintura de pirâmides em tons azul e rosa, feitas numa porta de guarda-roupa.
O ponto de ônibus logo ao lado dele e em frente ao mini comércio de comidas está lotado de pessoas que esperam seus coletivos cujas linhas são para alguns distintos interiores. Funcionários da empresa Torre, sentados no chão da praça, esperam o turno começar. O celular que fotografava pontos chamativos aos nossos olhos, a esta altura já estava descarregado, impossibilitando novas imagens.
Um segundo senhor urina. Desta vez já não nos gera qualquer espanto ou riso de estranhamento, o que revela que já nos sentimos imersos e à vontade o suficiente naquele lugar que já se tornou também um pouco nosso. Esgoto, urina e cigarro, é o que se sente nesta parte da praça que estamos agora, a qual o segundo idoso se aliviou sem preocupação.
Alguns dos senhores ao voltarem da farmácia ou supermercado param para olhar os outros jogarem e alguns entram no jogo. Enquanto o rapaz do coco guarda seu material de trabalho, o dono de um terceiro bar inicia seu expediente. O sol se põe, partimos ao som da última canção “ Trago o que me faz feliz. Nosso filho que eu não fiz e o cachorro de estimação” (cantor desconhecido).
A praça é como o centro do bairro e é engraçado e contraditório porque o que se espera de um lugar considerado como o centro é que ele seja simbolizado e representado pelo barulho e estardalhaço. Mas, serenidade é provavelmente a melhor palavra para defini-lo. É como se ela fosse um mundo a parte de todo o estresse e poluição sonora percebidos ao emergirmos dela. Na praça tudo é calmo, fora dela, poucos segundos depois, já é possível ouvir uma miscelânea de sons: ambulância, buzinas, carros, pessoas falando ao celular e muito movimento ligeiro de gente que corre tentando acompanhar o tempo que parecia não correr na praça.
No início daquela tarde, ao percebermos aquele local com várias pessoas, a curiosidade que se instalou veio com a seguinte pergunta: “Quem fica em praças?” e à medida que fomos consumidos pelo clima do ambiente, mudamos o questionamento, ao sairmos de lá, para “Por que não ficamos mais em praças?”.
Foi assim, preenchidos por um turbilhão de inexpressivas sensações incabíveis em nós mesmos e que seríam imperceptíveis se tivessemos sido alheios àquele local, que saimos de lá. Despedindo-nos da estátua de bronze que dá o nome àquela praça.

Nos galhos secos de uma árvore qualquer
Onde ninguém jamais pudesse imaginar
O Criador vê uma flor a brotar

Catedral
Trecho da música “Galhos Secos”

terça-feira, 19 de setembro de 2017

Não deixe que a importância se perca

É paradoxal pensar sobre como as coisas funcionam.
Paradoxal porque é engraçado e ao mesmo tempo triste pensar sobre a efemeridade.
Sobre algo que é muito para nós hoje e que pode deixar de ser num piscar de olhos. Como "One Direction" para mim.
Pensar sobre como deixamos a cada oportunidade que pessoas e momentos se  percam, simplesmente por conveniência...Por que é, talvez, a melhor opção. E tudo bem, podemos substituir facilmente.
Sería próprio da cultura do consumo infectando nossas relações com não produtos?
Sinto-me neste momento como os países subdesenvolvidos prejudicados por uma grande crise que atingiu os grandes capitais (desculpa, trabalho de história deu nisto)...Não sei se faz sentido, às vezes acho que tem coisas que sou a única capaz de me compreender.
Tudo bem, está um pouco fechado e visivelmente é por isto que me torno incompreensível
Numa crise, os países desenvolvidos têm chances inferiores de serem afetados ou se o forem, serão menos e terão mais recursos para buscar formas de se livrar desta. Enquanto os mais instáveis, que pouco possuem, não dão a mesma sorte.
Deu para entender? 
kkk Ta..vou melhorar um pouco mais
Em uma dessas perdas de importância naturalizadas, aqueles de poucos amigos (países subdesenvolvidos) são possivelmente mais prejudicados que aqueles que possuem mais ou maior facilidade em conseguir fazer amizades (países potentes). Ainda que uma perda seja uma perda..
Comparação boba, mas pensei que seria uma boa analogia.

   


E percebo por aí pessoas perdendo a importância como a embalagem da bala que depois de aberta, findada a função de protegê-la, não serve para nada.
Percebo pessoas perdendo a importância como se nada tivessem sido, como se não passassem, agora, de desconhecidos.
Sei lá, sempre valorizei bastante tudo aquilo que tem alguma importância para mim: desde um pedaço de papel com algumas palavras escritas até...pessoas..Sim. Contraditório? Talvez. Porém, por mais antissocial que eu seja, realmente acho que elas estão no topo daquilo que devemos valorizar (não todas, mas muitas kk).
E é engraçado porque só vim aprender isso com o tempo
Eu que tinha como uma de minhas metas de felicidade, quando criança, uma mansão como a do Michael Jackson, hoje troco isto por vários dos momentos em que estive verdadeiramente feliz com todos aqueles que dou ou já dei importância.
É engraçado de se pensar ou eu quem sou estranha?
Fico lembrando de quando eu estava no ensino médio. Era uma pessoa não muito congratulável, digamos assim. Eu abertamente trocaria minha família pela mansão do Michael, pronto falei!! (droga de sinceridade). Mas hoje percebo que nem 10 mansões do Michael seriam suficientes para compensar a família com a qual fui presenteada e que felizmente hoje dou importância, por perceber o quão afortunada sou por tê-la.
Demorei para me dar conta disto, mas uma vez que nos damos conta de tudo aquilo que tem importância não acho válido que joguemos para o ar como se nada tivesse sido ou ainda seja.
Sei lá, às vezes penso sobre a vida, como ela é um tanto dura e nos faz tornar o que não gostaríamos
Pois as vezes eu só não dou importância...a nada, a ninguém. Prefiro pensar que talvez seja mais fácil. A escolha mais assertiva para não me frustrar, até porque não vou me permitir exposição.
Lembrei agora quando minha mãe dizia em referência a mim: "Vivo bem com minha família. Me isolo no meu canto e está tudo certo".
E é tipo isto. Você se poupa, mas no fundo não faz nada além disto.
Os erros nos ensinam e as tentativas são uma possibilidade de acertar e perceber que dentre tantos cascalhos havia algo passível de ter importância para nós.
Pois ela (a importância) é assim: individual e relativa, única e pessoal.

Decidi postar e foi aí que eu percebi que não tinha perdido mais uma importância de tantas outras que já se foram. Isto é no mínimo aliviante.
Enfim, não deixe que a importância se perca.
A vida é louca e imprevisível...e sempre precisamos de algo que nos dê certo suporte..suporte que talvez outrem não possa oferecer por não ter a mesma importância que aquela importância que, talvez julguemos não mais ter para nós.

PS: Não importa se não der para ler. É só um recadinho que minha sister escreveu no dia de meu aniversário e que não tive coragem de me desfazer.
PS2: As fotos dos dois amorezinhos mais acima são duas das minhas importâncias. E que fique claro, sinto ciúmes deles.
PS3: Ignorem possíveis erros e falta de lógica. Realmente estou com sono e cansada de revisar. Mas não foi feito com mau gosto, ok? kk. Até porque se eu não quero eu não faço (droga de sinceridade²)

sexta-feira, 11 de agosto de 2017

Sobre quando encontramos a nossa felicidade

_Ele não se sentia feliz a menos que estivesse fazendo aquilo que gostava._Foi o que disse à uma entrevista a 60 minutes a mãe de uma das figuras que mais me inspiram e me causam apresso: Jacob Barnett.
Hoje, após a aula que mais subestimei ser agradável, notei uma alegria que transpassava meus olhos, fazendo-me sorrir à toa.
Ora, não costumo esbanjar bom humor e a melhor das feições quando não estou com meus amigos, por isso percebi que havia algo distinto e  anotei em meu caderno: "Sinto-me motivada todas as vezes em que saio desta aula". Extremamente, diga-se de passagem.

[...]Sobre a relativamente grande mesa redonda da biblioteca espalho minhas coisas (nem uso todas elas), abro a apostila e esqueço todos ao meu redor. E me sinto feliz e empolgada, desejosa por me superar e a não apenas tirar uma boa nota, mas assimilar tudo quanto me for possível.

É engraçado como felicidade é algo tão relativo, e é engraçado que por melhor que eu esteja, vez ou outra (não dá para estar bem sempre), é muito raro eu estar verdadeiramente feliz e acho que só descobri isso agora, depois de perceber como tudo muda quando estamos realmente bem e felizes. Felizes com o pouco ou o muito
O pouco que nos é muito
Pouco que tantas vezes é tudo
Quem se atreve a dizer o que é felicidade?(acho que me atrevi em alguma outra postagem) E mais ainda, taxar cada uma delas se cada um sabe o que te faz feliz?!?
É engraçado como o mundo muda aos nossos olhos ainda que seja o mesmo, e como ele nos acolhe e as pessoas sentem nosso olhar diferente
Como nossa postura muda, nosso tom de voz, nossa conversa...
Sabe de uma?
Acho que quero, se não perpetuar, ao menos tornar mais constante dias assim.
É hilária (cansei de engraçado) a efemeridade das coisas e triste pelo dia estar findando, pois são tão raros dias assim.
Eu que ontem me encontrava desolada e inconsolável optei por querer algo melhor e a vida...ela colabora

Acho que estou aos poucos descobrindo o que me faz feliz e como sempre digo:"Tem algo melhor que se conhecer?"
Eu que até poucos dias não sabia o que gostava de fazer para me divertir estou percebendo
Pego-me feliz quando motivada nos estudos, e tudo bem se o que me faz feliz é estudar em pleno sábado. Empolgada, lendo e agindo autodidaticamente

Hoje comi uma comida maravilhosa
Encontrei pessoas agradabilíssimas
Hoje sorri.
Sorri porque estava feliz e não que não sorrir seja sinal de ausência de felicidade, mas ela era tamanha que não se conteve, acabou se expressando em meu sorriso.
Eu sorri e olha que incrível
Eu que não curto muitos contatos fui às pessoas e gostei..isso não é atípico?!?
Eu que me conheço um pouco a cada observação e monólogo em papéis de caderno, agendas ou folhas avulsas
Eu que gosto de compreender

Sorri e me sorriram
Sorriram com a mesma verdade que eu expressei, e isso não é maravilhoso?
Hoje tive uma aula a qual as pessoas ameaçaram se mutilar, mas que eu atentamente anotava, comentava e perguntava. Interagindo com a professora a qual mudei meus conceitos positivamente e que tem me sido muito. Outro referencial. Um dia lhe direi.
Eu que comi um bolo de "não cenoura" contente com meus dois amigos.
Eu que embora taciturna, peguei-me conversando incessantemente.
Eu que sorri e me sorriram
Eu que vivi hoje tanto que até estranhei, pois foge ao meu clichê.
Ao menos é o que as pessoas dizem: "Você tem que viver".
Eu que quero mais e fico muito feliz por querer 
Eu que me sinto feliz por estar feliz e por querer estar feliz cada vez mais

#UmaHeliofóbica

domingo, 6 de agosto de 2017

O que você faz para se divertir?

Não, esse não é um texto sobre a lista de coisas que eu gosto de fazer. Até porque essa é uma pergunta de tantas que, talvez não tenha uma resposta e eu só vim descobrir isso quando sucessivas pessoas me questionaram sobre.
É engraçado como nunca parei para pensar acerca e como algo tão simples e básico sobre si mesmo não ganhou uma resposta até hoje.

E então eu dou uma risada como quem diz: -De novo essa pergunta?

Não me levem a mal, mas as pessoas são previsíveis ou eu quem sou estranha?
Eu rio (de rir) a fim  de ganhar tempo nos milésimos de segundos para pensar em uma resposta melhor ou aproximada ao que é comum de se ouvir, mas novamente caio em minha singularidade: 

-Sabe que não sei._Respondo. Deixando a outra pessoa com mais dúvidas sobre mim e  convicta de que não sou sã, aliás, quem o é não teria dúvidas.

Ta, fazer o que? Eu não sei.
Eu tão moldável e adaptável a tudo aquilo que me cerca
Às condições às quais sou exposta, estou constantemente em mudança.
Eu que passei do hobby "passar horas falando trivialidades via redes sociais" à "não me apetece ou mesmo me entusiasma perder tempo com isso (há raras, muito raras, extremamente raras exceções..ou não mais..talvez acabo de mudar outra vez)
Eu que passo de Beethoven a funk numa mesma semana
Que passava horas e horas e horas assistindo a videos sobre como fazer para meu cabelo crescer, hoje já nem tenho mais tamanha paciência (que bom, diga-se de passagem)
Eu que ontem (modo de falar) gostaria de poder ir a festas e sair mais, não suporto o fato de alterar minha singela, mas adorável rotina (raros são os casos)
Eu que não suportava ler tive de criar o hábito quando entrei na universidade e estou percebendo que venho aprendendo a gostar
Eu que tinha um violão (vendi) e um teclado há alguns anos e larguei-os depois de tentar algumas vezes e não ser cativada, peguei-me neste final de semana passando horas (sim...muitas, muitas e muitas por sinal) aprendendo duas músicas no teclado e estou quase, quase lá e olha o que descobri: Gosto e muito kkkk. 
É engraçado porque eu não gosto de muitas coisas e talvez seja por isso que eu nunca sei a resposta e não somente porque estou constantemente me adaptando e mudando
Eu ainda gosto de ler o dicionário se quer saber, mas infelizmente não tenho tido tempo
Eu ainda gosto de McFlurry, mas não sinto falta nenhuma kkkk é estranho?
Sei lá...As pessoas devem me achar bastante estranha e se eu contar a elas de minha mudança na alimentação, passando a tomar 3L de água por dia, comer muitas verduras e frutas e raras muito raras vezes bobagens (que gosto, mas não me fazem falta) e que me sinto feliz por isso, elas definitivamente me acharão não lúcida, mas talvez eu nem me importe.
Como não me importo se todas as pessoas aqui em casa forem a uma super festa e eu ficar em meu quarto aprendendo uma nova música no teclado, por exemplo.


É interessante como as pessoas fixam coisas "essenciais" para se divertir ou viver ou seja lá o que elas de fato pensam, aliás, nunca me disseram diretamente, são apenas suposições de uma pessoa observadora.

Você tem que viver
Mas o que é viver? E o que é se divertir?
_Eu estudo e...ouço músicas e escrevo_Respondo, tentando compensar o não esclarecimento.

E tudo bem se isso me faz bem e me diverte.Tudo bem se me entusiasmo quando escrevo algo que eu posso me orgulhar ou se tenho dias de ânimo e motivação extremas, fazendo-me passar bastante tempo empolgada nos estudos e me divertir com isso ou se às vezes acabo gastando muitas horas ouvindo músicas e assistindo aos clipes do meu maravilhoso "Shawn Mendes". 
Tudo bem se isso me faz bem.
Mas eu insisto em me questionar sempre...em vão.
Aliás, o que me felicita e agrada hoje pode não o fazer amanhã
As coisas são tão efêmeras e tão mutáveis
O que eu gosto de fazer para me divertir?_ Agora é questão de honra.
Talvez por eu ser tão metódica acabo me privando de conhecer coisas novas e só vivo minha rotina como num ciclo vicioso e automático e por isso não tenho uma resposta.
É triste leitor? Não fique melancólico por mim. Sem dúvida não é isso que me faz triste.
Há coisas que eu gosto, mas acredito mais em momentos do que nelas
Sabe? Isso me agrada agora, porque eu decidi vir escrever, estava com vontade e não fui forçada
Eu amo assistir aos videos de meu maravilhoso "Shawn Mendes", mas definitivamente não é isso que quero fazer para me divertir agora ou tampouco estudar ou sei lá kkkk
*Na verdade não estou afim de me divertir (kkk) quero mesmo dormir (droga de sinceridade. Acostumem-se)*.
Não é uma fórmula. Ao menos não para mim: Eu gosto de assar bolos de menta enquanto ouço Malu magalhães e canto desafinadamente. Ou, gosto de ir a parques e cinema, festas e bares com meus amigos kkkk
Talvez nada do que escrevi faça algum sentido. Se for o caso relevem e pensem que é o sono.
Talvez não tenha encontrado uma resposta porque não há ou porque sou louca ou diferente, mas tudo bem..pois o importante é estar bem e se uma pessoa consegue estar bem mesmo sem saber o que gosta de fazer para se divertir...Meu caro leitor, não há porque insistir em tentar encontrar respostas, não é mesmo?! Elas seriam mais para simbolizar e satisfazer a necessidade que temos de tê-las, e nada mudaria por isso.

#UmaHeliofóbica



sábado, 15 de julho de 2017

O que as palavras não dizem...

Ontem estava conversando com um amigo, e num trecho da conversa lhe disse algo óbvio, mas que repito sempre comigo por ser tão negligenciado por muitos.
"O que somos hoje é fruto de tudo aquilo que fomos submetidos pela vida".
E como já mencionei em outros posts, o que sou é resultado de todas as minhas experiências e o que tirei destas para minha vida.
Eu, além de ser humano comunicador, sou alguém que trabalhará com comunicação e, por isso tenho um pouco mais de habilidade com as palavras que bastantes pessoas não ligadas à área. Portanto, sei o poder  de um bom discurso, palavras mansas e amenas, ou as intenções de alguém com o que me diz. 
Talvez seja por isso que não dou muito valor às palavras. Porque as pessoas dizem algo, mas comunicam contrastes, paradoxos.
Palavras por palavras nada mais são que tal.  Posso, leitor, descaradamente falar que alguém é de meu apresso sem o ser (o que não combina comigo) ou driblar e reverter situações não favoráveis a mim apenas com as palavras certas. E é por isso que eu, desconfiada por natureza, não sou ingênua quanto a tal.
O motivo de tal texto não é nada em específico, apenas uma forma de compensar a última postagem que deixou muito a desejar.


Há vezes em que o silêncio fala mais que as palavras_ Foi algo assim que uma professora disse ontem em classe.
As pessoas dão valor imensurável às palavras, estão tão acostumadas à lê-las, usá-las para se expressar, tentar interpretar e perceber o que está ou não subentendido, que se esquecem que não apenas de palavras vive a comunicação.
É como a falácia daqueles que dizem que as fotografias retratam exatamente a realidade, sendo que vivemos num mundo em contínua modernização.
As pessoas esquecem que tudo em nós comunica e que a melhor interpretação ou o melhor modo de compreender mais ampla e verossimilhantemente algo é por meio daquilo que expressamos no automático, isto é, sem pensar e, não raras vezes sem sequer nos darmos conta.
E isto vai muito além de quando eu, por exemplo, sou rude sem perceber ou falo verdades que não precisariam se tornar públicas.
Refiro-me ao que está para além das palavras. Atenho-me ao não dito, não necessariamente nas entrelinhas.
Falo do que nosso corpo expressa e do próprio silêncio
Eu me refiro àquilo que às vezes está em nosso inconsciente e liberamos sem sabermos, sem percebermos.
É tão automático que somente quem está além de nós nota e, às vezes comenta ou, em se tratando de algo desagradável, opta por se afastar.


Esta semana foi meu aniversário e me senti meio indiferente a isso e ingrata ao chegar em casa e me deparar com minha família cantando parabéns e me presenteando.
Não tinha palavras para agradecer ou sequer esboçava muita alegria.
Brinquei dizendo que eu estava depressivamente feliz. É que as coisas, que já não têm sentido algum, perdem ainda mais quando nos damos conta da falta de nexo da vida.
Eu dizía obrigada pelos parabéns e pelos presentes, mas minha face, sem dúvida falava: "Por favor parem com isso. Não me sinto feliz por já ter 20". Mas eu não precisei expelir uma palavra sequer.
Como no jornalismo, no qual a experiência facilita nosso fazer, é assim no convívio.

Lembrei agora de quando eu era criança. Acho que eu havia quebrado alguma coisa e quando minha mãe chegou do trabalho transmiti a necessidade de conversar com ela sem dizer nada. E então ela me surpreendeu: "O que você quer me contar?" 

[...] Eu sou uma pessoa geralmente taciturna e ainda assim extremamente expressiva e sincera.
Se eu não gostar de você não espere um abraço falso
Se eu for apenas uma colega, não cogite um tratamento que dou a meus amigos
Se eu não gostar, fecharei minha cara (como diz minha genitora)
Se eu amar, você saberá
Se eu estiver feliz não precisarei necessariamente sorrir, pois minha expressão mudará independente disso
Se algo me agrada, meu olhar dirá
Se eu quero que fique, eu mostro. Não precisarei falar, a menos que pergunte
Se abro exceção a ti meio a uma agenda lotada (estudos não passeios ok?), considere-se importante
Se eu não quero, não me dou ao trabalho de procurar, quem dirá de ir embora porque eu sequer cheguei
Se sua presença é indevida não pedirei para que fique mais

Eu falo sem dizer
Converso sem palavras
E é verdade exatamente porque isso sou eu.
Pois o discurso, falado ou escrito, é passível de planejamento, alteração à medida do que se deseja atingir com ele
O "não dito" não. É espontâneo e revela ao menos um pouco de sua essência e do que há nela. Bom ou ruim, é verdadeiro.
Taí, essência.
Até que me provem o contrário ela é a única coisa imutável em nós.
Não há nada que eu valorize mais que a essência, pois ela é de verdade.
E quando a essência é boa, isto é, há uma boa índole, um bom coração...Estas pessoas, mais que as outras, conseguem com maestria mostrar sem dizer, sem mentir ou omitir...ou tentar te ganhar com um discurso fajuto qualquer.
Pois são essencialmente boas, ainda que passíveis de erros, demonstram algo da forma mais credível e verossímil, sem ter ciência disso, tudo aquilo que não é dito pelas palavras.



quinta-feira, 13 de julho de 2017

Sobre inspiração...

Certa vez, um colega com gostos em comum disse que a inspiração é um pretexto de pessoas preguiçosas.
Sim, estávamos conversando sobre escrever e sobre o "Não escrevi porque não estava inspirada" ser, segundo ele, subterfúgio.
Não discordo completamente, mas ao menos uns 99°/○.
A inspiração ela é o insight, o motor, a luz que nos vêm em momentos únicos e específicos,  espontaneamente.
A inspiração está muito além do: Estou com vontade de escrever, por exemplo.
Inspiração é tristeza, alegria, são pessoas e momentos, sensações que só conseguimos expressar porque estamos inspirados.
Inspiração são palavras, sorrisos, olhares. ..Está muito além da vontade de fazer algo.
Ela mexe conosco e nos gera algo que não sabemos bem explicar.
Inspiração constrói, transforma a nós e nosso estado de espírito. Ela é capaz de nos fazer emergir e ser outra pessoa se for o caso.
Taí leitor,
Inspiração é energia.

Faz sentido para você ? Talvez o sono esteja me deixando um pouco desnexa.

Inspiração é tudo. Tudo aquilo capaz de mexer conosco,  e um tudo que poucos podem nos causar.
Coisas inspiram, momentos, pessoas e tantas o fazem sem sequer ter noção de tal poder.
Sem ter sequer noção da importância de sua singela, porém jamais simplória, importância em nossas vidas e, no meu caso, também em minhas escritas.

Ps: escrevendo pq a inspiração me veio. O que não faz dessa necessariamente uma boa escrita.

#UmaHeliofóbica

terça-feira, 13 de junho de 2017

Somos todos como ele

As vestes maltrapilhas, cabelos desgrenhados e pés descalços sugerem que a figura em questão é indigente.
O mau odor, os olhares tortos de todos ao seu redor confirmam, é sim um ser abjeto.
Ele se senta no degrau do ônibus que estavamos e começa a conversar. 
Não, não com as pessoas que o cercam, pois que estas estão ocupadas a comentarem entre si covardemente, haja visto o tom levemente atenuado para que este não pudesse ouvi-las e saber que ironicamente é o centro das atenções naquele coletivo.
Conversava sozinho, diríam. Penso que talvez estivesse a dialogar, um diálogo intenso inclusive, com uma criação de sua mente.
Devido às drogas, esquizofrenia ou o resultado da situação a qual está exposto todos os dias.
O ser humano é terrível e foi ele o responsável pelo estado deste jovem rapaz de sabe-se lá quantos anos de idade.
Este rapaz que podería ser eu ou você. Este rapaz que sim, sou eu e é, meu caro leitor, você. Contudo, talvez uma extensão de nós um tanto mais intensificada.
Nós que somos todos os dias olhados de modo desagradável por um e outro
Nós que ouvimos muitas vezes e nos fazemos de surdo (porque é melhor) palavras não tão legais, direta ou indiretamente
Nós que conversamos sozinhos o tempo todo quando assim estamos ou em alguns casos, em outras presenças e que, ainda assim não somos taxados de loucos
Nós, que estamos sozinhos no mundo mesmo que acompanhados
Nós que constantemente somos submetidos a tantas dificuldades que a vida nos...proporciona, e que buscamos nosso modo de lidar com elas...álcool, festas, e por que não drogas? sim, talvez não as mesmas as quais ele consome, afinal, não se esqueça que ele é a versão mais dramatizada de tudo aquilo que somos e vivemos, mas, ainda assim, drogas são drogas.
Nós que nos achamos mais, e que julgamos com olhares antes mesmo das palavras e que ao olharmos, pensamos involuntariamente e criticamos fervorosamente quem sequer damos a oportunidade de conhecer, somos nós leitor. Todos nós. Mas, sabe que diante disto tudo percebi dessemelhanças irrefletidas ao agirmos "impensadamente"
Ele não nos julga, não nos critica, não se acha superior, ele sequer nos olha feio porque ele mal olha para nós kkk, não nos acua e inferioriza-nos.
E você se achando mais. Ele, na dele, por piores que sejam seus pesos, consegue ser superior a nós mesmo com a vida que leva
Devido às drogas? Ao estado em que chegou?

Whatever. 

Isto realmente não importa. Assim como nós, que passamos todos os dias por alguns dele, espalhados por cidades que pregam a modernização, não nos importamos com suas presenças tidas como desagradáveis.
Talvez devessemos refletir ao menos um pouco que exemplos como este são mais que o retrato de um país ainda cheio de falhas e carências.
Talvez devemos perceber que esta, a carência, está imersa em cada um de nós.
Carência de empatia e de consciência, de discernimento e compaixão. 
Mas veja leitor, como a vida é engraçada. Por ironia, tudo acaba voltando a nós mesmos, dado que agimos de modo que não gostariamos que agissem conosco porque no fim das contas tratamos a nós de forma repudiável, pois somos cada um de nós , quer queiramos ou não, ele.

#UmaHeliofóbica

quinta-feira, 18 de maio de 2017

Socialize!

Socialize!
É o que eu escuto desde meus...alguns anos de vida. E é engraçado como as pessoas procedem insistindo em uma coisa que não mudou em 19 anos. Talvez porque lidar com esta "estranheza" seja para elas bem mais complicado do que para mim ser tida a vida toda como estranha. Aliás,é possível que sim, pois já há algum tempo parei de me questionar porque sou como sou e aprendi não a lidar, mas a gostar de mim desta forma.
Há coisas que não precisam nem devem ser mudadas e que se o fizer perde a essência da pessoa e uma das piores coisas que há é perder sua essência. Se não lhe faz mal, se não faz o mal a ninguém porque tanto incômodo por parte de terceiros?
Socialize kkkk 
Lembrei agora quando eu ía para o apartamento de minha tia, eu tinha uns 10 anos e ela falava: Vá para a piscina e faça amizades.
E como eu odiava essa sugestão meio que como um conselho bem imperativo mais parecido como uma ordem.
Bicho do mato, estranha, tabaréu kkkk, eram alguns sinônimos para Adriann e talvez ainda sejam pois de lá para cá as coisas não mudaram tanto, ao contrário, acho que estou mais convencida de que é isso que sou.
E eu preciso dizer que ía a piscina e não falava com ninguém a menos que falassem comigo???
Acho que não.
Fale alguma coisa ou ao menos sorria_Era um suplício de uma mãe que não quería passar vergonha por ter uma filha que aparentava má educação.
-Acho que você devería interagir mais
-Nós falamos e você não diz nada, parece que não se interessa
-Acho que a única coisa que você precisa mudar é socializar mais
-Você não socializa porque não quer


Não culpo os donos de nenhuma destas frases. Sabe, talvez estas pessoas só queiram o meu bem e pensem que sou triste por assim ser, mas depois de tanta reflexão e análises feitas por mim de mim mesma e autoavaliação da forma como levo a vida e a forma como tento algumas vezes para agradar a terceiros, percebo que sou infeliz quando do contrário, não sou quem realmente sou. Perde-se a espontaneidade.
Tanto é que uma das minhas frases mais utilizadas é: "Odeio fazer a linha simpática". Sim, porque é tão anatural, é tão forçado e isso não sou eu.
Quando privada, de certo modo, de falar o que quero prefiro o silêncio
Quando não gosto de algo ou de alguém opto por me calar
Quando uma opinião me desagrada eu geralmente fico na minha
Porque o silêncio muitas vezes não é a pior coisa e sim, é uma forma não sei se de socializar, mas sem dúvida de se comunicar. Pois eu sou tão quem sou que quem convive comigo sabe logo se algo está errado. E se esse meu jeito não prejudica ninguém, do contrário, muitas vezes facilita a comunicação, porque reclamam tanto?
Aprendi nestes anos, após algumas experiências, que não se deve mudar a menos que este objeto de mudança esteja prejudicando a si mesmo.
Sinto-me mal quando sou forçada a fazer coisas e ser quem não sou e não vale a pena mudar para agradar aos outros e se sentir mal a cada dia.
Eu socializo a meu modo, como acho que devo, com quem devo e isso me tem bastado. Imagino que algum dia isso deixará de ser um problema. Mas para isso as pessoas deverão olhar mais suas questões pessoais dignas de mudanças e aceitar o jeito daqueles que estão em suas vidas ou não.

#UmaHeliofóbica


sexta-feira, 5 de maio de 2017

Se aceitar do jeito que você é?

Na noite passada ocupei alguns de meus minutos a assistir a mais um vídeo no youtube de um garoto que acompanho há algum tempo e que gosto o suficiente para ativar as notificações e não ter abandonado no meio do caminho por simplesmente ter me exaurido de seus conteúdos ou dele próprio.
Seguinte, a temática do vídeo era basicamente "reagir", algo que muitos youtubers fazem. Mas de que isso importa se é bobagem? Estava há um dia das tão aguardadas férias e queria fazer qualquer coisa que não demandasse esforço mental ou algo do gênero. 
Enfim, ele reagiu a um vídeo de uma cantora que eu gostava bastante e especificamente à música que era minha predileta. E ao final disse uma coisa que bastantes pessoas aconselham: "Se aceite do jeito que você é".

Acontece que a música em questão trata exatamente da temática estética e sobre como somos bombardeados pela mídia para mudarmos quem somos e sobre como somos induzidos a não nos sentirmos satisfeitos conosco. Então... O comentário dele ficou martelando em minha cabeça por alguns minutos inclusive quando me deitei: "Puxa, que legal ele falando isso"_Foi de ímpeto minha reação ao ouvir. Porém, depois comecei a me questionar até que ponto essa afirmativa era verdadeira. Até que ponto ela é realmente dita por nós e não no automático, devido a repetitividade.
Eu citaria ele como exemplo perfeito para isso porque ao meu ver é um dos garotos mais lindos que já vi, mas, seria um resultado muito induzido..Então, esquece isso..Melhor, esquece esse exemplo..O foco é a problemática que me levou este comentário e esta tentativa de apenas assistir a um vídeo sem pretensões de trabalhar o cérebro kkk.

O que eu quero dizer é que é muito fácil dizer às pessoas para que elas se aceitem como são quando você está incluso no que a sociedade e a mídia têm como "padrão de beleza". É fácil, por exemplo, uma Kristina Pimenova (ok que ela é uma criança ainda) dizer que não faz nada para se cuidar e que não liga para isso ou que se aceita como ela é. "Meu Deus! Ela não tem nem 15 anos ainda e é considerada a menina mais linda do mundo". Daí ela chegar algum dia em alguém que não se adequa aos padrões e dizer: "Se aceite como você é". 
Poxa, como que uma pessoa que é escanteada e muitas vezes simplesmente ignorada nas mais diversas formas por não pertencer à classe dos "olimpianos" quanto à aparência pode se aceitar? Até que ponto isso é justo? Não acontece uma certa hipocrisia?

Você sabe que a Pimenova tem zilhões de oportunidades mais, zilhões de olhares mais e ganha zilhões de vezes mais que minha família toda junta se brincar kkkk.
Daí ela decidir certa vez dizer: Se aceite como você é??
Ela não sabe o que é não ser aceito porque ela não passa nem provavelmente passará por isso a menos que estrague sua beleza ou o padrão vire ao averso. E essa questão de "se aceite do jeito que você é", não sei a vocês, mas me gera uma ideia tão de conformismo. É tipo: Você não é o Charles Puth ou Miles Heizer ou Jade Picon ou Flávia Charallo, mas você também é bela e deve se aceitar como você é.

 Eu sei que este é um campo minado e que certamente muitos discordarão, mas não estou aqui para pedir opiniões alheias ou para que outrem concorde com o que penso. Não estou, tampouco pretendendo pregar que as pessoas insatisfeitas e "inaceitáveis " devem correr aos bisturis, jamais. Estou dizendo que a questão vai muito além de você dizer: "Se aceite do jeito que você é", porque eu nem sempre vou querer ou conseguir me aceitar e eu não vejo nisso um problema exatamente.
Há algum tempo fiz uma postagem: Você é linda e tive de reler antes para ver se havia contradições com meu pensamento. O que também não é errado, pois mudar faz parte do ciclo de vida e mudanças de opiniões estão inclusas nestas. Eu alteraría uma frase do último trecho, em que eu digo: "ame-se do jeito que você é". Quero dizer, não totalmente, mas veja: Ame-se do jeito que você é se e somente se você se gostar do jeito que você é. Ame-se do jeito que você é se a surgente antipatia com algo em si  não for resultado do que a mídia lhe impõe. Mas, se há algo que você não gosta não vejo nada de anormal nisto. Por exemplo, desde criança eu me incomodo bastante com minha gengiva. Veja bem o que lhe digo leitor: "Ninguém nunca chegou para mim e me zoou por isso ou sequer comentou que eu me lembre, eu nunca vi na televisão ou quaisquer coisas do tipo". Eu simplesmente me sentia constrangida com isto desde criança, isso era de mim. Não fazia sentido e eu não queria me aceitar. Fiz uma gengivoplastia que melhorou bastante minha autoestima e foi uma das melhores coisas que eu já realizei.

Se há algo que lhe entristece, prejudica, deixa para baixo e isto é algo seu e não que puseram em sua cabeça. Se não firo a ninguém, se não magoo e que se eu resolver elevará meu ânimo, por que não mudar???
Anda, diz: Por que não mudar?
O problema se insere quando as mudanças são efetuadas devido a outrem ou quando lhe impõem ou quando se torna uma neura que te leva a querer mais e mais e mais, como é o caso de muitas pessoas famosas que se dispuseram a Ns tratamentos estéticos que só corromperam a imagem que muitos diríam para aceitar. No mais, não vejo problema em não aceitar algo.
Na vida, quando algo não anda bem ou não está certo nós não temos que mudar as estratégias ou a forma de enxergar ou agir ou quaisquer outras coisas para que possamos obter êxito em nossas ações ou mais felicidade e menos aborrecimentos?? É exatamente isso.
Bom é estar bem e se algo não lhe faz bem, logo, isso que não é bom e você não deve aceitar.