terça-feira, 25 de outubro de 2016

Esse não é um monólogo triste

[24/10/2016]
E percebo que ela, errônea, porém ingenuamente se cerca e se preenche de mágoas pretéritas as quais procede a alimentar com o pior dos sentimentos rotineiramente.
Como se não vivesse o agora e se nutrisse de tudo de ruim que lhe ocorreu, como a razão não apenas para viver, como para fazê-lo mal.
Não se faz de vítima de forma alguma. Ao menos não intencionalmente. Todavia, é aparente que tudo ainda lhe dói, devido a forma que fala e como num simples piscar de olhos os seus se enchem do líquido incolor.
E profere ditos de quem tem ódio e desconhece a palavra perdão.
Não por sê-la uma má pessoa, contudo, por não ser detentora, ainda, de força ou maturidade para seguir e deixar para lá os maus momentos que lhe ocorreram.
Mas segue. Porém, segue da pior forma possível. A se achar indigna de felicidade devido ao mal que a vida lhe proporcionou.
Eres incapaz de superar ou não conseguirá sozinha?
Não somos nada sozinhos, isso é fato.
Hoje estou, aliás, ela se encontra a um passo da melhora.
Não ainda de perdoar, tampouco de esquecer, porém, de levar de forma mais benéfica a vida. Sem deixar que o passado esteja presente em cada dia como forma de lembrar-lhe o quanto foi e será infeliz pelo que viveu.
Hoje percebi que pessoas têm valores e são relevantes em nossa caminhada.
Que coisas materiais são super legais, mas não são ou não deveríam ser o que nos sustentam no mundo. Se sim, vive-se um  engano, arrisco dizer.
Percebi que não sou burra, aliás, talvez o seja, mas não por sê-la de fato. Todavia, por me limitar tantas vezes e esquecer o que é viver.
Percebi que as faltas de palavras e silêncios sepulcrais ou ansiedade por tentar me expressar falhamente algumas vezes são resultados de uma vida distante de pessoas.
Nada como um dia após o outro
Em um momento, queria-me longe deste.
Em outro, percebo o que me falta.
E por incrível que pareça não é muito, apenas a sabedoria para dar valor às melhores coisas e parar de focar em extremo e tão somente em outras que por si sós não valem muito.
Aprendi que ler e estudar é importante, mas que também se adquire conhecimento com as pessoas e com o mundo. E não estou agora a referir-me ao meu mundo o qual estive trancada em todo esse tempo.
Aprendi que não sou assentimental, só perdi um pouco o conhecimento do que é expressar meus sentimentos.
Ratifico, tornei-me assim.
Hoje dei-me conta do problema, mas percebi que mais importante que identificá-lo é ver o quanto estou aberta a uma nova forma de ver a vida.
Um agradecimento especial a todos que tornaram especial meu dia. Meus tios, minha mãe, amigos e Deus, por provar-me mais uma vez de sua existência, mostrando estar sempre comigo independentemente de qualquer coisa.

#UmaHeliofóbica

domingo, 23 de outubro de 2016

Monólogo

Este é um monólogo numa típica noite de sábado

[...]  22/10/2016
Peço que não estranhem, pois meus monólogos têm geralmente ar de tristeza, dado que é neles que reflito acerca de minha vida.
E qual vida não tem sequer uma coisa triste a se pensar? 

Agora estou banhada e me sinto mais leve, como se o peso que havia em minha alma e tudo de ruim que me habitava tivesse se esvaído.
Sinto-me também bela. É talvez, por isso que voltar a fazer exercícios físicos me faça tão bem. Mais que pelo corpo, pela alma e pelo que essa leveza de espírito e amnésia dos problemas me proporcionam.
A verdade é que estou numa fase de carência, mas pelo amor de Deus, não no eixo sentimental...quero dizer, carência de tempo, carência de inspirações e é por isso que não tenho postado, mas sei que nada justifica.

Decidi escrever porque se não pela pressão não sei quando postaria novamente.

Da janela de meu quarto, a qual está bem atrás de mim nesse momento, ouço vozes ecoarem do salão de festas e pessoas possivelmente felizes a dançarem músicas animadas. Mas, sinto-me bem aqui. Pois no fundo o conforto de minha cama ao fim do dia é algo por demais impagável, insubstituível e, dadas vezes preferível a fazer algo não convencional.
Amo o cheiro de meus dois ursinhos, o travesseiro e o lençol. Acostumei-me a dividir minha cama de provável eterna solteira com os livros e não se encantem ao acharem que passo a vida a estudar, é apenas a falta de uma escrivaninha. Mas, acostumei-me.
Toca, nesse momento, uma música que outrora eu ouvia incessantemente, mas procedo imersa em minha calmaria.
Pergunto se gostaria de estar lá_ Talvez.
Lembro agora de meus momentos de ápice, lembro quando minha vida já foi mais agitada e habitada, mas não sei se sinto por completo falta.
Eu sinto, algumas vezes, falta de pessoas, mas não de todas elas. Quero dizer, eu já nem sei... Tento encarar as coisas de maneira racional e pensar que faz parte do processo da vida: Vir e ir, mas se bem que algumas poderiam fazer o processo inverso: Ir e vir.

Pois por mais que seja eu deveras apática não quer dizer que seja preenchida  por toda apatia.
Aliás, não é tampouco correto dizer que sou, como se houvesse nascido de tal forma, costumo, para tanto, falar que me tornei assim.
Tá. Talvez fosse legal descer, ver pessoas, conversar, dançar e seja lá o que for, mas não sei se sou eu assim.

Eu tenho 19 com cara de 12 e isso tem me entristecido. 
Não preciso que as pessoas fiquem tentando me aceitar, me encaixar ou me colocar no grupo. Adulando-me a falar que será legal e me ensinando como se diverte em festas. prefiro aceitar: Sou assim.

Minha irmã de 14 anos com cara de 20 está nessa festa agora e prefiro não pensar no que acontece, pois as pessoas tanto me julgam que não pensam que eu não faço nada de errado a não ser, talvez, com minha própria vida. Pois só sabem julgar-me, como se eu tivesse nascido assim. Como se não houvesse precedentes ou estigmas da vida, como se pessoas jovens não tivessem o direito de passar por problemas ou se os problemas de jovens se limitassem a garotos. _Eu sequer dou importância a isso. AHH quer saber, não tenho paciência para esses discursos e podem, agora, taxarem-me de grossa, pois já não me importo.

Será que eu, em todo esse tempo, fiz-me acreditar na mentira de que sou assim e esta, de tanto ser repetida, tornou-se verdade? _Questiono
Por que as pessoas se vão, deixando minha vida vazia e parada? _Procedo a me perguntar_ Porque você permite e contribui para que o façam. _Meu outro eu conversa comigo, de forma rígida e impiedosa
Já não sei se me importo de fato com a partida das pessoas, já não sei se me importo com coisa alguma
Às vezes gostamos e não sabemos dizer ou mostrar
Às vezes a vida nos torna quem somos
Às vezes não tem como ou não queremos evitar
Às vezes as pessoas não merecem nosso gostar
Às vezes sequer sabemos que gostamos, por nos acostumarmos a não querer gostar

E deixamos que se vão com indiferença, como se fossem biscoitos, chocolates e sorvetes, coisas boas que aproveitamos enquanto estamos com elas, mas que se vão.
E não dizemos o quão são especiais, pois não somos de o fazer
Pois gostar de pessoas é algo tão estranho para mim e o que sou é uma consequência da minha própria vida.
Denominam-me fria, assentimental, sem coração... Que seja, já não sei se me importo

Deixamos que se vão e nos acostumamos a não nos importarmos ou não nos incomodarmos com o único barulho da nossa noite de sábado ser a diversão dos outros, e isso acaba nos deixando tristes. Mas passa. Tudo passa ou se atenua depois de dormirmos. 
E nos acostumamos a fazê-lo para que tenhamos a sensação de que está tudo bem, quando na verdade não está.

Eu paro e penso no que me tornei e quem dera essa fosse uma escrita somente aproveitada de um momento de melancolia somente para escrever.
Talvez, esteja melhor amanhã. Talvez, seja esse um regresso.
Quem me tornei, o que quero para minha vida, quem sou?
Como me acostumo com tantas coisas, contradizendo o que disse outrora sobre não se acomodar.
Não é em todo caso ruim, mas em alguns deles pode ser, talvez destruidor. 

#UmaHeliofóbica