sábado, 24 de setembro de 2016

É normal

Essa semana, fora posta à prova minha opção de curso na faculdade.
Penso, agora, que tal questionamento quase impositor que me foi feito sobre meu curso teve caráter relevante.
Sim, é isso que eu quero. Digo, agora, com toda firmeza. por mais que ainda deixe-me triste alguém falar algo de tal natureza a uma pessoa cuja áurea é tão sentimental e afetável.
Sou estereotipada como fútil devido a minha aparência.
Tal pessoa julgou ser eu mais adequada a um curso que se relacionasse à beleza. como se fosse proibido gostar de se cuidar. Pior, como se o fato de o fazer fizesse de mim uma pessoa inapropriada a seguir uma carreira séria, como se eu sequer passasse credibilidade ou fosse incapaz de me envolver em conteúdos que vão além dos ditos superficiais.
Sou chamada de boba (atenuando), porque tenho receio de contrapor opiniões que destoam da minha, principalmente se advindas de pessoas muito próximas a mim.
-Você é muito conservadora para ser jornalista
_Isso não diz nada. Falo agora
O ser humano tem a grande qualidade: Resiliência, e isso é muito facilitador. 
Eu admito que me causa estranhamento quando vejo um homem usando vestido lá na faculdade, porque, de fato, eu cresci numa família extremamente conservadora e preconceituosa. Mas, isso não faz de mim uma pessoa que não está disposta a mudar a forma de ver o mundo.
E eu olho as pessoas. distintas, de todos os jeitos e penso que sou também um ser diferente e que gosta de assim ser reconhecido. E isso é normal.
Não posso dizer que não me assusta muitas coisas novas que vejo a cada dia porque é exatamente isso: novo.
Eu olho, ainda com um olhar julgador, como já disseram outrora sobre mim.
-Peço que pare com isso Adriann_ Falo a mim mesma como se fosse culpa minha assim ser.
_Olha que short curto._Penso comigo.
Eu simplesmente tenho que deixar passar batido porque isso é normal. O corpo é dela e ela faz o que quiser. _Quer saber, vou qualquer dia de short para a faculdade.
Roupas, orientação sexual, uso de drogas, nada disso faz de uma pessoa ruim, mau caráter ou anormal.
Eu, por exemplo, faço jornalismo e estou, hoje, numa posição bem contraditória a minha escolha.
Você é tímida, tem que se comunicar com as pessoas, você não assiste tv, não lê jornal, é conservadora... Quero dizer que isso em nada impede que eu mude. O ser humano está em constante mudança.
A vida sempre disporá a nós desafios e cabe a cada um encará-los, caso ache que deva.
E eu tenho certeza que devo.
Pois o que faz de mim apta ou não  a minha profissão é meu posicionamento quanto aos passos que terei de dar para ser melhor nela e não a opinião dos outros.
E as pessoas que ingressam no curso de educação físcia se ludibriando julgando ser fácil ou às que as julgam elas pela escolha do curso: "Educação física?_ Ahh. Pensei que fosse algo melhor"_ Pensam. E só porque elas não sabem nada de anatomia são inapropriadas?
E quem faz nutrição e odeia química? Muda de curso?
Há uma coisa que se chama adaptação e ela serve para vários âmbitos em nossas vidas.
Perfeito não é aquele que entra no curso conhecendo todos os veículos jornalísticos ou revistas de referência, detendo opinião sobre tudo e debatendo com tamanha eloquência e convicção.
Perfeito não é ninguém, mas, possivelmente, aproximem-se aqueles que têm vontade.
O fato de não amar todas as matérias não faz de mim inapropriada à profissão.
O fato de eu não chegar todos os dias sorrindo e falando a todos com euforia: "Amo meu curso" não quer dizer que eu não o ame. Aliás, eu não amo. Eu gosto muito e o amor vem com o tempo. 
Quanto ao não sorrir, digo, nunca fui assim. Sim, eu o faço, mas não a todo momento.
Sou do tipo que diz séria: Estou muito feliz. _E não duvide você disso.
Da mesma forma que o fato de amar cantar não significa que canto bem ou que não desafine ou que ache que sei cantar.
Estou me adaptando e moldando-me ao que escolhi para meu futuro. às exigências e tudo o quanto for preciso para exercer bem minha profissão. Isso justamente porque gosto do meu curso e pouco a pouco, no MEU ritmo e não no dos julgadores de plantão, vou alcançar êxito em minha empreitada.
Assim como num relacionamento, adaptamo-nos.
Adaptamo-nos porque outrem tem defeitos ou adaptamo-nos pois embora pareça tê-lo tudo de melhor, há algo em que não havíamos parado para pensar quando começamos a gostar.
A timidez é apenas uma barreira. Não gostar de estudar disciplinas que exijam minha celeridade é outra. Mas, nada que não possa ser quebrado ou aprendido a gostar com o tempo.
Nada é perfeito e até as melhores coisas têm ao menos um ponto negativo.
Eu, que ontem achei ser detentora de articulação e argumentos para tudo, vejo-me um tanto ultrapassada pelos que comigo estudam.
Mas tudo isso é só um empurrão para que eu melhore e para provar a mim que não devo internalizar críticas de forma negativa. Por mais que elas soem, ainda que não propositalmente, em alguns casos, como forma de desmotivar.
Isso faz parte da vida e é disso que precisamos para sentir mais vontade de prosperar.
É normal. Estranho sería se não houvesse desafios. Pior, sería isso por demais desestimulante e cômodo.




domingo, 4 de setembro de 2016

Contentar-se com o incontentável

Vejo-me num estado de inércia nesse instante.
Estava a pouco refletindo  como gosto de fazer. Porém, um pouco mais, pois algo,de certa forma, atormenta-me.  Atormenta-me me sentir sem entender as coisas, não ter respostas ou me sentir a boba da corte.
Questiono-me como podemos ser,  por vezes,  tão inteligentes e outrora tão ignorantes.
Sería mesmo digno sermos julgado seres pensantes se demasiadas vezes ignoramos o ato de pensar?
[...] E pegam-me com semblante sério a olhar o horizonte.  Questionam-me sobre eu estar bem.
- Sim_ respondo.
Faz-me bem pensar na vida e tentar sanar àquilo que insiste em me perseguir.
Então, vêm-me inúmeras questões.
-Porquê nos contentamos com tão pouco?
Não se trata de pregar a ambiciosidade desmedida. Trata-se de abrir os olhos para a forma com que lidamos com nossa vida e com nós mesmos.
Eu, grande observadora da sociedade,  percebo pessoas "matando-se" por tão pouco, vejo outras se conformando com questões tão desprezíveis.
Nos inconscientes, talvez pensem serem indignas de algo melhor.
Quando não estudamos e nos fixamos àquele emprego medíocre que detestamos, por exemplo.
Ou quando se apanha ou se é traído pelo/a "parceiro/a" e perguntamos: o que ainda faço nessa situação?
E as respostas nos vêm sem certezas dos próprios emissores.
Como se tais nunca houvessem parado para pensar.
Indigno é sermos considerados pensantes e agirmos como verdadeiros acéfalos.
- ahh, mas eu nunca vou gostar de outra pessoa ou esse emprego pelo menos dá para eu sobreviver. ..PARA!!!
Para de se autossabotar, de transformar sua vida em um campo de conformação.
Para de aceitar isso e viver lamuriando aos que não tem nada haver; para de se achar incapaz ou de ficar falando: Será?  E não sair da etapa do questionamento.
Você é mais que isso e merece muito mais do que a vida tem te oferecido.
Não é que a vida seja ruim ou só te dê o pior.
Ela lhe oferece um leque de coisas, mas você quem opta pelo que quer.
Mas, olha só que legal: Ainda que você tenha feito uma escolha infeliz você pode reverter essa situação.
Muitos dizem que a vida é única, então nada mais justo que aproveita-la ao máximo.  Todavia,  para isso você precisa se desprender de tudo de ruim que você considera bom e se permitir buscar outras possibilidades.
A aceitação do ruim como concepção de bom é resultado da incapacidade de se deixar conhecer coisas realmente benéficas.
E agir assim só corrobora o quão errônea é a afirmação de que somos seres superiores.

PS1: Não quero doutrinar ninguém. Esse, assim como os outros, são textos de autoria minha e que tenho mais que direito de posicionar minha opinião.
PS2: Amo português, mas não sou professora. Portanto, sem cobranças acerca de possíveis erros.

#UmaHeliofóbica